Por Rodrigo Farias (@rodrigofarias27)
Em 1979, o
Afeganistão tremeu. Desde 1973 envolvido com uma disputa pelo governo entre os
mujahidin – rebeldes muçulmanos – e adeptos de um regime comunista, no dia 25
de dezembro a URSS invadiu o país, alegando “a
manutenção do regime comunista e garantir a paz no Oriente Médio”. Trocando
em miúdos: garantir petróleo, àquela época escasso no mundo após o Segundo
Choque do Petróleo, ocorrido naquele ano.
Todo o
planeta, obviamente, percebeu as intenções soviéticas em sua ocupação. Jimmy
Carter, presidente americano, declarou no dia 20 de janeiro de 1980 que, em
caso da não retirada das tropas russas do Afeganistão dentro de um mês, seu
país iria boicotar os Jogos Olímpicos de sete meses depois, em Moscou.
Como a
história confirma, os soviéticos não retiraram suas Forças Armadas do país
árabe. Como resposta, grande parte do bloco capitalista – obviamente liderado
pelos EUA – não foi para Moscou, com seus atletas dessas nações competindo sob
a bandeira olímpica, unicamente. Japão, Alemanha Ocidental, China (essa em
litígio com a URSS desde a década de 60 e se aproximando dos EUA na época) e
França foram os destaques dentre as nações “boicoteiras”. Alguns desses
participaram do Liberty Bell Classic, uma mini Olimpíada realizada na
Universidade da Pensilvânia em abril de 1980.
Em Moscou,
na abertura dos Jogos, o presidente e secretário geral do PCUS, Leonid Brejnev,
lamentou o boicote ocidental a Olimpíada em terras russas. Além disso, no
encerramento, o ursinho Misha – mascote daqueles Jogos – chorou simbolizando a
“tristeza” dos soviéticos pelas ausências, que fizeram com que apenas 80 nações
participassem daquelas Olimpíadas. No fechamento dos Jogos, a tradição de se
executar o hino nacional do país que sediaria as próximas Olimpíadas foi
respeitada e uma versão curta do hino americano foi executada.
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