Por Rafael Stankevicius (@rdeco)
Costuma-se dizer que quando uma
cidade sedia os Jogos Olímpicos, ela muda. E para melhor. Talvez o principal
exemplo que comprove isso seja o caso das Olimpíadas de 1992, que causaram um
enorme impacto sócio-econômico na cidade de Barcelona, além de projetá-la
internacionalmente. Com um investimento bilhonário em infra-estrutura, a cidade
teve sua qualidade de vida elevada, passou a atrair investimentos externos e
foi posta na rota do turismo mundial, ao lado de Londres, Paris e Roma.
Mas nem sempre sediar um evento
desse porte gera boas conseqüências. E, para comprovar isso, falaremos um pouco
sobre as Olimpíadas de 1976, em Montreal, Canadá. Os Jogos foram um desastre
financeiro, já que a cidade ficou endividada durante 30 anos. Isso mesmo, 30
anos com dívida originária dos Jogos. Nos idos de 1975, um ano antes dos Jogos,
o governo de Quebec (província canadense onde está Montreal) assumiu o controle
da construção, pois o trabalho tinha caído bastante a ponto de atrasar as
obras.
Além disso, a população teve de
pagar dívidas do torneio. O rombo financeiro da cidade chegou na casa dos 3
bilhões de reais (com valores corrigidos). Após o fim dos Jogos, nada de festa.
A população viu os impostos serem aumentados para tentar reduzir o prejuízo.
Montreal não tinha apoio financeiro do governo do Canadá e mais uma vez Quebec
teve que se virar e bancar tudo. O dinheiro saiu apenas dos cofres da
prefeitura. Não bastasse isso, suspeitas de corrupção e superfaturamento das
obras fizeram os custos aumentarem. Apenas o Estádio Olímpico (foto) consumiu R$ 1,2
bilhão, quase 1 milhão de reais a mais do que o previsto. E pior, virou um elefante branco.
Naquela época, na década de 70, os Jogos ainda não
tinham status de "evento de grandes proporções". Os patrocínios
estavam longe dos bilhões de dólares, que surgiram a partir de 1984, em Los Angeles , com a
entrada da iniciativa privada. Hoje em dia com os direitos de transmissão da
competição, além dos vultuosos patrocínios, o dinheiro é repartido entre o COI
e a cidade-sede. Em 1976, Montreal não teve essa sorte. Os Jogos de 1976 nos
mostram que planejamento financeiro e a forma de reutilização dos locais de
competição são de vital importância para a cidade não sofrer por décadas.
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